Regina Sousa comandará o Estado pelos próximos nove meses
Foto: Reprodução/CCom |
Em solenidade realizada no Palácio de Karnak, nesta quinta-feira (31), Wellington Dias transmitiu o cargo de governador à Regina Sousa, que comandará o estado pelos próximos nove meses. Dias deixa o cargo para disputar uma vaga nas eleições de 2022.
Ao deixar o Governo, Wellington Dias falou dos avanços conquistados no Piauí e deu as boas-vindas à nova governadora. “Hoje posso sair como sempre sonhei, pela porta da frente, com minha família e com a alegria de ter contribuído com o avanço do nosso Estado, que era visto como o mais pobre do país e que hoje tem um alto Índice de Desenvolvimento Humano. Foram muitas e intensas lutas até podermos dizer que vivemos em um Piauí desenvolvido e que somos referência em diversas áreas, como saúde e educação. Vamos continuar a progredir com a primeira governadora mulher da história do Estado, combatendo o ódio com amor e as opressões com a defesa da democracia. Não abriremos mão do direito de sonhar e realizar”, disse.
Regina Sousa compareceu à solenidade de transmissão do cargo acompanhada dos netos e discursou sobre o mandato que se inicia hoje, que terá como foco ações e projetos para a população que mais necessita. A nova governadora tem como meta trazer para a centralidade da pauta do governo a temática dos Direitos Humanos e Meio Ambiente, assim como fez enquanto Senadora da República, em que participou das Comissões Técnicas que discutiam tais assuntos no Senado Federal, onde presidiu a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.
Pela primeira vez, uma mulher negra e de origem popular assume a liderança do estado do Piauí. “Chego aqui pelas lutas que encarei contra a Ditadura, pela reforma agrária, por eleições diretas, por trabalho, empego e renda, combate ao racismo, a homofobia e a violência contra as mulheres, por segurança alimentar e tantas outras que nos instigam. Serei a Regina de sempre, meio sisuda e sincerona. Quero fazer coisas pontuais, tocar em ações sensíveis à população, reforçar a segurança que o povo tanto precisa, dar atenção especial à saúde mental, trabalhar a redução da maternidade materno-infantil, entregar mais títulos de terra. Enfim, focaremos no combate à pobreza e daremos cada vez mais dignidade aos piauienses”, afirmou Regina Sousa.
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Na solenidade, como primeiro ato administrativo, a governadora Regina Sousa fez a entrega de título de domínio coletivo, pelo Instituo de Terras do Piauí (Interpi), à Comunidade Tradicional de Quebradeira de Coco Babaçu Vila Esperança, beneficiando 67 famílias dos municípios de Esperantina, Campo Largo do Piauí e São João do Arraial.
A ocasião ainda foi marcada pela nomeação de Antônio Rodrigues de Sousa Neto no cargo de secretário de Estado do Governo. Antônio Neto é natural de Teresina, formado em letras, bacharel em direito, com pós graduação em direito tributário. Auditor fiscal da Receita Federal aposentado. Foi secretário de Estado da Fazenda e de Planejamento. Também ocupou o cargo de diretor-presidente da Piauí Fomento.
Perfil de Maria Regina Sousa
Nascida na cidade de União em uma família de 14 irmãos, Maria Regina Sousa, 71 anos, foi a primeira mulher a assumir o Senado pelo Piauí. Em 2018, foi eleita vice-governadora do Estado do Piauí ao lado de Wellington Dias. Tem como meta trazer para a centralidade da pauta do governo a temática dos Direitos Humanos e Meio Ambiente, assim como fez enquanto Senadora da República, em que participou das Comissões Técnicas que discutiam esses assuntos no Senado Federal, onde presidiu a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.
Filha do trabalhador rural Raimundo Sousa Miranda, já falecido, e da dona de casa Maria da Conceição Silva Miranda, aos 10 anos já sabia plantar e colher feijão, milho e fava. Foi quebradeira de coco e observando o que acontecia com seus pais, que moravam em terra alheia, ainda menina, compreendeu a necessidade da reforma agrária, expressão que aprendeu com um tio militante das Ligas Camponesas, através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de União.
Militância Política
É fundadora da Central Única dos Trabalhadores no Piauí, da qual já foi presidente estadual e membro da direção nacional. Começou a militância sindical em 1978. Formada em Letras com habilitação em língua portuguesa e língua francesa pela Universidade Federal do Piauí. Em plena ditadura militar, deu início ao seu processo de consciência política, atuando nos movimentos sociais.
Sempre ao lado de Wellington foi vice-presidente do Sindicato dos Bancários e depois presidenta. Tornou-se presidenta do PT, o qual presidiu por seis mandatos alternados, e coordenou as campanhas vitoriosas de Lula e Wellington Dias, em cujo governo tornou-se secretária de Administração exercendo o cargo nos dois mandatos de Wellington à frente do Executivo Estadual.
No Senado, realizou audiências públicas sobre direitos trabalhistas, terras indígenas e quilombolas, violência contra a mulher e a população LGBT, previdência social, combate ao racismo, dentre outros temas. É autora de vários projetos tramitando no Senado, dentre eles o que garante mais proteção social a crianças com pai ou mãe encarcerados, permite o acervo de livros paradidáticos e de literatura infantil em salas de aula da educação infantil e dos cinco primeiros anos do ensino fundamental e o que garante transporte para mães e filhos recém-nascidos entre o local do parto e a residência e de lá ao serviço de saúde para complementação de exames.
Defende o empoderamento das mulheres como fundamental para a mudança política no país. Como também dá uma atenção especial às chamadas populações invisíveis, como as pessoas em situação de rua.
Carreira acadêmica
Profissionalmente, fora o trabalho na roça, começou com 15 anos, na biblioteca da União Caixeiral, colégio de classe média, em Parnaíba. Abria e fechava a biblioteca a noite, local onde leu muito e desenvolveu, mais ainda o gosto pela leitura. Também dava aula particular para alunos de escolas particulares da cidade. Em Parnaíba, uma vez formada professora pela Escola Normal Francisco Correia, deu aula na Escola Particular Dom Bosco e na Escola Eunice Weaner, da rede estadual, que era chamada “Preventório”, porque lá só estudavam filhos de pessoas com hanseníase, que na época eram chamados de leprosos. De vez em quando uma criança desenvolvia a doença e era afastada da escola, indo para o leprosário.
Em 1973, surpreendeu a família, fez vestibular para Letras, que só podia ser cursado em Teresina. Aprovada, começou a maratona de busca de emprego para viabilizar viver na capital. Procurou o Educandário Santa Maria Goretti, de propriedade das irmãs Teresinha e Tércia Leal, que conhecia de Parnaíba, tendo lá, sido auxiliar na correção do “dever de casa” dos alunos, ficando lá até 1978.
Em 1974, passou no concurso do Estado, e começou a trabalhar pela manhã na escola particular e a tarde na escola estadual Cecéu Oliveira, alfabetizando crianças. Formada em 1976, de novo fez concurso no Estado para dar aula no “ginasial”, sendo lotada no Colégio Eurípedes Aguiar. Também deu aula no Centro de Cultura Francesa de 1975 a 1978, na UFPI.
Em 1982 fez dois concursos, para o INSS e para o Banco do Brasil. Foi aprovada nos dois e optou pelo Banco do Brasil, ingressando em 1983. Era o emprego dos sonhos das famílias brasileiras, à época. Antes, foi professora substituta, de Francês, no curso de Letras da Universidade Federal do Piauí, por concurso.
Já bancária, fez concurso para professora efetiva de Português da Universidade Federal do Piauí, aprovada em terceiro lugar, ficando em quinto, na prova de título, porque muitos tinham mestrado e ela não. Convocada a assumir a docência efetiva, renunciou à vaga e permaneceu no Banco do Brasil, tamanho era o engajamento político no sindicato. (CCom)
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