A polícia paranaense diz ainda ter analisado imagens de câmeras e ainda realizado outras apurações complementares
Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação |
A Polícia Civil do Paraná anunciou nesta sexta-feira (15) a conclusão do inquérito que investigou o assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda pelo policial penal bolsonarista Jorge Guaranho. De acordo com a polícia, o crime no último sábado (9) em Foz do Iguaçu teve motivação política.
O bolsonarista invadiu a festa de 50 anos de Marcelo, que tinha o PT como tema, e o matou. Ele também acabou baleado pelo petista e segue internado em estado grave.
Segundo a polícia, Jorge estava em um churrasco regado a bebidas e lá ficou sabendo da festa temática do PT –um outro convidado tinha acesso às câmeras de segurança do salão de festas alugado por Marcelo.
Segundo testemunhas, Jorge invadiu o local gritando palavras de ordem a favor de Bolsonaro e contra o PT e Lula. Jorge e Marcelo não se conheciam, e o PT falou em crime de ódio.
"Chegamos à conclusão que vamos indiciar o agente pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e por causar perigo a outras pessoas no local e que poderiam ter sido atingidas pelos disparos", afirma a delegada Camila Cecconello, chefe da investigação.
Marcelo era tesoureiro do PT municipal. No partido havia mais de dez anos, ele concorreu a vereador e a vice-prefeito pela sigla em eleições recentes.
Durante as investigações, segundo a polícia, foram ouvidas 17 pessoas, entre as quais testemunhas que estavam no salão de festa palco do assassinato, além de familiares do petista e do bolsonaristas.
A polícia paranaense diz ainda ter analisado imagens de câmeras e ainda realizado outras apurações complementares.
A conclusão do inquérito foi anunciada em entrevista do secretário estadual da Segurança Pública, Wagner Mesquita, da delegada-chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Camila Cecconello, e do promotor Tiago Lisboa.
O crime em Foz provou forte reação do mundo político. O PT, por exemplo, recorreu à PGR (Procuradoria-Geral da República) com cobranças sobre mais segurança nas eleições. Já a Polícia Federal decidiu ampliar sua mobilização para proteger os presidenciáveis durante a campanha eleitoral.
Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) desde o assassinato incluiu discurso dúbio sobre o crime, ataques à esquerda e, por último, uma ofensiva por sua imagem.
A ofensiva por sua imagem em ano de eleição teve seu ponto alto na terça-feira (12), quando usou um deputado federal aliado para se aproximar de uma ala da família de Marcelo mais simpática a ele.
Numa conversa por telefone com esses familiares, Bolsonaro se preocupou mais em se defender do que em se solidarizar com os parentes do petista assassinado. Ele disse que a esquerda tenta "politizar" a morte para desgastar o governo e convidou parentes para irem a Brasília.
A ligação por vídeo foi feita pelo deputado bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ), que esteve na casa de um dos irmãos de Marcelo, com o aval de Bolsonaro, para intermediar a conversa.
Segundo ele, o presidente falou com dois irmãos do petista assassinado: José e Luiz de Arruda.
A iniciativa, porém, irritou os familiares mais próximos de Marcelo, incluindo a viúva, Pâmela Suellen Silva. Ela afirmou ao UOL ter ficado surpresa com o telefonema do presidente aos irmãos de Marcelo ("absurdo, eu não sabia", disse) e ressaltou que eles nem estavam na festa de aniversário onde ele foi assassinado.
O atirador Jorge, que está internado após também ser baleado por Marcelo, se define como conservador e cristão. Ele usa as redes sociais principalmente para defender Bolsonaro, se diz contra o aborto e as drogas e considera arma sinônimo de defesa.
Em junho de 2021, ele aparece sorrindo em uma foto ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do mandatário. "Vamos fortalecer a direita", escreveu em 30 de abril numa corrente da "#DireitaForte" para impulsionar perfis de conservadores com poucos seguidores.
Sua última postagem antes do crime é um retuíte de uma publicação do ex-presidente da Fundação Cultural Palmares Sérgio Camargo, dizendo: "Não podemos permitir que bandidos travestidos de políticos retornem ao poder no Brasil. A responsabilidade é de cada um de nós". (Folhapress (Mauren Luc)
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